quinta-feira, 25 de agosto de 2011

QUINTA DE POESIA



Fornasetti




TRÍPTICO
   

  AMPLIDÃO

Palomar, Palomar
Donde eu via Antares
E o tempo parar
Na fuga das galáxias
Quando se rarefazia o ar
No meu peito de Astronauta
Abrigo de coração flutuante
Nesta ausência de gravidade
Imaginada ou não...

Eu te via Antares
Atrás das poderosas lentes
Que, atravessando o espaço,
Me ligava neste traço
À tua órbita, Antares, cuja amplidão
Eu ignoro.


   CERTEZA

Palomar, Palomar
Deixa eu sair
Do teu centro
E, nesta luz, viajar
Além deste Céu
Que, por certo,
Segredos não tem para ti
E, se numa estrela eu chegar,
Sem dúvida eu vou me lembrar
De piscar um olho
Pro teu olho, Palomar.


OBSERVATÓRIO

Palomar, Palomar
Há um ruflar de asas
Sonorizando o ar:
É duma pombapaloma
Na vizinhança do mar.

Há vastidão oceânica
No pálio que, devagar,
Pega fogo no horizonte
Incendiando teu olho
Reflexo no centro do monte:
Tua casa, Palomar.

Paulo Corrêa Meyer

Nenhum comentário: